Pesquisa nos Estados Unidos foi feita com 43 mil pessoas; endocrinologista Gláucia Carneiro diz que é possível ser obeso e saudável
Pesquisa liderada pelo médico Francisco Ortega, da Universidade de Granada (Espanha) para os Estados Unidos, indica que o desempenho físico dos obesos considerados saudáveis foi similar ao dos magros nas mesmas condições. No estudo, cerca de 43 mil americanos foram divididos em grupos conforme o nível de obesidade e os testes foram feitos por medição do colesterol, pressão arterial e condicionamento físico.
Entretanto, apesar de ser um resultado positivo para quem está acima do peso, é necessário entender o que significa o termo ‘obeso saudável’. Segundo a endocrinologista Gláucia Carneiro, o indivíduo com sobrepeso, porém com qualidade de vida, é aquele que se alimenta bem e tem uma vida fisicamente ativa.
A gerente Francisca Barreto é exemplo de quem está inserida no mundo Plus Size, mas não deixa de se preocupar com a saúde. “Sei que não estou no peso ideal, mas também não fico triste por isso. Apenas me preocupo em manter uma rotina saudável. Ando pelo menos duas vezes na semana e como muita fruta, legumes e alimentos menos calóricos”, diz.
Ainda segundo a pesquisa feita com americanos, o condicionamento físico é o elemento fundamental para comprovar que os obesos saudáveis correm menos risco de morrer por qualquer doença do que os considerados não saudáveis, aqueles que não têm uma alimentação saudável ou não praticam exercícios.
A endocrinologista explica que os exercícios reduzem o impacto negativo que a gordura pode causar. “Quando a pessoa faz exercício, o corpo rejeita muito do que a obesidade pode causar como, por exemplo, problemas de circulação sanguínea. Isto é, a prática de exercícios tem ação anticoagulante, ajuda na dilatação dos vasos e melhora a resistência sanguínea”, afirma.
A Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica) explica que a obesidade não tratada aumenta a ocorrência de problemas cardiovasculares, diabete melito e restrições nas articulações devido à sobrecarga que sofrem. Os obesos também têm 30% a mais de chances de ter câncer no útero, mama, próstata e no intestino grosso.
Portanto, para ser um obeso saudável é necessário cuidar da alimentação e se preocupar com as atividades físicas. O endocrinologista João Roberto de Sá, da Associação Médica Brasileira de Endocrinologia, diz que a mesma orientação serve para qualquer pessoa.
“O que o obeso deve entender é que o fato de ter saúde vale tanto para eles quanto para os magros. Da mesma forma que uma pessoa que tem 30 kg a mais deve se preocupar com a alimentação e o exercício físico, o magro também precisa ter a mesma atenção. Isso não significa que, necessariamente, terão que emagrecer ou engordar”, diz Sá.
Em entrevista coletiva, Judith Wylie-Rosett, professora do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública e de Pesquisas Nutricionais da Universidade Albert Einstein, de Nova York, disse que a população não sabe tanto sobre a obesidade quanto pensa.
“Uma considerável proporção de pessoas obesas ou com sobrepeso são metabolicamente saudáveis, enquanto outra proporção de pessoas com peso normal apresentam diversos distúrbios cardiometabólicos”, concluiu durante a apresentação da pesquisa.
Índice de obesidade no Brasil
O último levantamento realizado pelo Ministério da Saúde aponta que a população com excesso de peso aumentou de 42,7%, em 2006, para 48,5%, em 2011. Dessa porcentagem, os obesos representavam 11,4%, em 2006, e agora, 15,8%.
Dos 48,5% que estão acima do peso, 44,7% são representadas pelas mulheres e 52,6% pelos homens.
A pesquisa também analisa os hábitos da população brasileira como, por exemplo, o tabagismo, bebidas alcoólicas, alimentação e atividade física. 26 capitais brasileiras participaram das entrevistas e mais de 54 mil pessoas no Distrito Federal.
Segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, o sobrepeso é calculado a partir do IMC (Índice de Massa Corporal) adotado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Isto é, um padrão internacional calculado pela divisão do peso, em quilogramas, pela altura, em metros ao quadrado. Abaixo está uma tabela disponibilizada pela Abeso, que apresenta os índices considerados bons e prejudiciais à saúde.
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