Propiciar momentos de interação entre mamães e filhotes para construção de uma relação com equilíbrio espiritual, emocional e físico é uma das principais propostas
Você já ouviu falar em Dança Materna? É uma prática criada em 2008 pela bailaria, coreógrafa, preparadora corporal e professora de dança Tatiana Tardioli, que tem como principal proposta “propiciar momentos de cumplicidade preciosos na construção de um vínculo sadio e contribuir para a saúde e o equilíbrio espiritual, emocional e físico da mãe e do bebê”.
Dança materna prática
Nela, a mãe utiliza sling, wrap ou canguru – carregadores que permitem carregar o bebê bem grudadinho, mas com liberdade de movimento de braços e pernas. E, assim, com o bebê bem juntinho ao seu corpo, a mãe faz movimentos suaves e ao mesmo tempo embala o filhote ao som de músicas ora suaves, ora mais agitadas, escolhidas para aquele momento de interação.
Tatiana costuma dar as aulas de Dança Materna nos Sescs Belenzinho e Ribeirão Preto, mas toda semana reúne mães e bebês em São Paulo, em Pinheiros e no Brooklin.
A prática, entretanto, não está restrita a São Paulo, pois, a coreógrafa já formou e acompanha 20 professoras licenciadas no Método Dança Materna para Mães e Bebês de Colo e Engatinhantes, que hoje atuam em todas as regiões do Brasil.
Em entrevista ao www.mulherreal.com.br, Tatiana conta que a Dança Materna é resultado de mais de uma década de estudos, investigações e práticas em danças contemporâneas, populares, estudos de educação somática, fisioterapia e transdiciplinaridade. Ela é graduada em Geografia, onde começou a se interessar pelos estudos de gênero, mais especificamente pelo feminino, que permeia seus trabalhos em dança até hoje, e pós-graduanda em Crianças de Zero a Três – Formação de Profissionais para as Infâncias no Brasil, pelo Instituto Singularidades. Fez várias outras especializações, e dança profissionalmente e dá aulas desde 1998.
Em sua formação há duas coisas que a prepararam especialmente para trabalhar com os pequenos: o curso A Arte do Brincante para Educadores, do Instituto Brincante, e a participação no projeto Alfabetização Corporal, coordenado pela fisioterapeuta Denise de Castro.
Em seguida, Tatiana dá mais detalhes sobre a Dança Materna. Fala sobre os benefícios à saúde dos bebês e das mamães, sobre as indicações e as avaliações médicas sobre a prática. Leia integra da entrevista
MR – Quando você desenvolveu a dança Materna e o que a inspirou?
Tatiana Tardioli – Inspirada pela experiência de gestar e parir minha primeira filha, Nina, revi minha vida, referências e influências. Assim nasceu em 2008 a Dança Materna: depois de mais de uma década de estudos, investigações e práticas em danças contemporâneas, populares, estudos de educação somática, fisioterapia e transdiciplinaridade. Me inspirei nos momentos em que, grávida, prestava atenção nela e sentia nosso vínculo se fortalecendo a partir desta experiência.
MR – Qual a principal característica da Dança Materna? No que ela contribui para as mamães e bebês?
Tatiana Tardioli – A Dança Materna é um projeto de atenção integral à mãe e ao bebê, desde a gestação até os três anos de vida. A aula para Mães e Bebês de Colo e Engatinhantes, mais do que propor que se coloque um bebê no sling e saia dançando, traz um olhar para a experiência estética vivenciada pela mãe e pelo bebê, para os cuidados com a mulher no pós-parto e com o bebê sob os aspectos físicos, emocionais, do vínculo com sua mãe e da interação e das brincadeiras entre ele e os outros bebês. O contexto é considerado em toda sua complexidade e delicadeza e o momento da dança é o auge nesta teia de sentidos e relações.
MR – Para o bebê, especificamente, qual o principal ganho?
Tatiana Tardioli – Para o bebê traz o conforto do balanço na dança, proximidade com a mãe e relaxamento num ambiente onde a amamentação é incentivada. As mães têm relatado redução na incidência de cólicas e melhora no sono dos bebês.
Para as mães e bebês de colo e engatinhantes oferecemos um trabalho corporal de qualidade, incluindo dança, massagem alongamento e espaço de diálogo e informação de qualidade baseada em bons autores e evidências científicas sobre maternagem, amamentação e outros assuntos afins. Muitas mães aprendem na aula a usar carregadores de bebês como sling, wrap e outros.
MR – A perda de peso da mãe pode ser uma das vantagens?
Tatiana Tardioli – A perda de peso é um efeito indireto, mas não é o foco. O propósito principal é dançar com os bebês em presença, sentido e atenção. Não é fitness, não é dançar como se o bebê não estivesse ali. É junto, no sentido mais literal da palavra, onde todos os sentimentos dessa fase são acolhidos e trabalhados na dimensão da arte, do encontro e do movimento.
MR – Você já submeteu a Dança Materna a observação e análise de um psiquiatra para verificar se pode ser usada no tratamento de depressão pós-parto? Tem alguma experiência de mãe que tenha saído da depressão pós parto com ajuda da Dança Materna?
Tatiana Tardioli – Já conversei com psicanalistas, psicólogas, psiquiatras, muitas mulheres com estas profissões já passaram pelas aulas e, sim, já tive alunas em tratamento de depressão. Certamente o que desenvolvemos na aula ajuda, mas com o devido acompanhamento. Baby blues toda mulher tem, mas depressão é doença e precisa ser tratada como tal. Uma mulher em depressão não tem ânimo pra sair da cama e vir dançar, mas muitas, passada a fase inicial e já acompanhadas por especialistas, chegam às aulas e nelas encontram um alento e um complemento no processo de cura. E, por outro lado, certamente o trabalho é um aliado na prevenção pelo momento de sociabilidade, pelo prazer dos hormônios liberados na atividade em si e pelo contato tão próximo com o bebê.
MR – A Dança Materna é indicada por médicos para tratamento de algum mal ou doença?
Tatiana Tardioli – Os bons pediatras e obstetras sabem que a saúde da mãe e do bebê andam juntas. E, sim, há profissionais que recomendam e incentivam às mães a saírem e estabelecerem uma rede de encontro e solidariedade, da qual a dança (materna) faz parte muitas vezes. Por outro lado, alguns enclausuram as mães provocando-lhes insegurança, principalmente no que se refere às vacinas. Algumas chegam exaustas e desgastadas com o bebê já grande, saindo pela primeira vez de casa e se dão conta de que perderam um tempo precioso em que poderiam ter vivido a maternidade com mais leveza, compartilhando as questões típicas do momento e encontrando mais alegria.
MR – Quanto tempo depois do parto normal a mãe pode começar a fazer Dança Materna? E quanto tempo depois da cesariana?
Tatiana Tardioli – A partir de um mês se teve parto normal e um mês e meio se cesariana.
MR – Durante quanto tempo é recomendável à mãe e ao bebê fazer a Dança Materna?
Tatiana Tardioli – Enquanto for confortável e prazeroso para ambos, até mais ou menos 1 ano e 3 meses.
Tatiana conta ainda que fez cursos específicos que contribuem para o embasamento da Dança Materna. Entre eles estão:
– Liberdade para os Bebês – a abordagem Pikler- Lóczy
– A Parteira e o Parto Domiciliar
– O Poder do Discurso Materno
-Parto Ativo – Despertando o Parir Instintivo
– Rio de Janeiro – 2012
-Parto: Como se Livrar das Armadilhas
– Concretizando o Parto Ativo
– A Coordenação Motora do Bebê
– Os Quatro Elementos da Experiência do Parto:
– Shantala
– Cuidados com o Bebê
– Preparação para o Parto
Para saber mais sobre os trabalhos artísticos de Tatiana Tardioli, visite: http://www.tatianatardioli.blogspot.com
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Amanda Pinson
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