Há muitas mortes e renascimentos na nossa vida. Somos afinal modelados por experiências de transmutação e “virar” avó é uma delas – passamos de mãe, com toda a carga de responsabilidade e insegurança que isso acarreta a avó que ama, apenas ama.
“Virar” mãe já é a morte de viver para si e renascer para uma vida totalmente compartilhada, onde você não é mais uma única pessoa – e a ser mais uma ou mais. Nada mais é como fora antes e aquele “serzinho” toma de assalto o nosso coração, passando a ser extensão do nosso corpo, complemento essencial da nossa vida.
Plenitude
Mas repare que essa plenitude vem acompanhada de muitas responsabilidades a partir desse momento ficamos voltados a alimentar, abrigar, garantir assistência à saúde, à formação, educar na infância, adolescência (ai que medo dessa fase!).
Sim, é verdade que mesmo carregada de insegurança e medo, a emoção de ser mãe é plena.
Mas nada comparado a ser avó – claro que você pode argumentar que são emoções e entendimentos totalmente diferentes e, sim, de fato são – “viramos” avó sem deixar de ser mãe e isso é completo, é ainda maior essa plenitude porque é ver nossa cria gerar outra vida. Não existe nada mais divino que isso – é a vida que geramos trazendo para o mundo outra essência que também completa a sua, ainda mais.
Nova Realidade
Vou confessar que isso provoca uma sensação estranha – é a filha virando mulher efetivamente. A primeira impressão é de que ela não precisa mais de você porque agora tem algo mais importante e que efetivamente a completa.
No meu caso, a síndrome do ninho vazio aconteceu nesse instante, mas foi apenas um instante, logo já via minha filha como minha menina novamente, mas agora uma menina-mulher que a partir daquele momento materializaria todo amor que recebeu. Ela continuaria esperando de mim a mãe que continuo sendo e serei para sempre, por toda a existência da minha alma.
Poderia falar agora sobre o significado espiritual de ser avó, mas vou deixar para a próxima oportunidade.