Empreendedoras unem as causas que defendem à necessidade de mercado e geram negócio e empoderamento
O quinto painel fechou o ciclo de debates da 3ª Convenção da Rede Mulheres que Decidem, realizado no final de agosto em SP, reunindo três empreendedoras de nichos. Elas unem as causas que defendem às necessidade de segmentos específicos do mercado e geram negócios e empoderamento.
Flavia Durante é a jornalista fundadora do Bazar Pop Plus Size, que surgiu a partir da ineficiência do mercado da moda para atender mulheres e homens grandes, que usam do tamanho 46 acima.
A jornalista, que era moradora de uma cidade litorânea e frenquentadora assídua de praias, sentiu na pele as dificuldades de encontrar looks joviais e descolados porque o mercado não oferecia, por não enxergar mulher plus size como vaidosa, charmosa e de alta autoestima. Resultado: ainda adolescente muitas vezes se via na iminência de usar roupas que considerava de senhoras.
Foi pela sua necessidade e de outras pessoas passavam pelas mesmas situações que, em 2012, resolveu unir forças para resolver o problema comum. Lançou o Bazar Pop Pluz Size, que hoje é uma feira de moda e cultura. O bazar é realizado quatro vezes por ano e na última edição reuniu 50 expositores e um público de 5 mil pessoas. Nos bazares, homens e mulheres são apresentados às tendências da estação, compram, praticam ioga, dançam, ouvem música, assistem a shows, discutem as questões sociais – como a gordofobia, acessibilidade e sexualidade.
“Ouvimos ainda hoje que fomentar a moda plus size é fazer apologia à obesidade e às doenças que ela provoca, mas não é nada disso: há pessoas que não conseguem emagrecer e não é porque ela é gorda que é doente. Há muitos gordos saudáveis sem nenhum problema de colesterol, triglicérides”, diz.
Todo o trabalho de Flávia está embasado na defesa de um mercado da moda menos engessado e míope e mais democrático e humano. “O ideal seria se todas as marcas fossem all size”.
População negra consome bilhões de reais por ano
A turismóloga e comunicadora empresarial Fernanda Ribeiro é co-fundadora e vice-presidente da Associação Afrobusiness Brasil, uma entidade voltada ao desenvolvimento e à defesa dos interesses de empresários, empreendedores, intraempreendedores e profissionais liberais negros.
A Afrobusiness também surgiu a partir da necessidade de suprir a deficiência de um mercado que cria e produz para um público branco, negligenciando as necessidades peculiares dos afro-descendentes, como tons de pele, tipos de cabelo, estrutura física, cultura.
Isso fez com que Fernanda abrisse percebesse a necessidade de criar uma ferramenta ou instituição que estimulasse o espírito empreendedor e, ao mesmo tempo, promovesse a integração entre todos eles, fortalecendo o processo de inclusão social e econômica da população negra.
O mercado afro-brasileiro está em crescimento e movimenta muitos negócios. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que 54% da população brasileira são negros ou pardos e o Instituto Data Popular, da EBC, realizado em 2016, mostra que o consumo anual dessa população é de R$ 800 bi.
É um público que tem necessidades de identificação com suas raízes e quer produtos específicos para suas características. Por exemplo, cerca 88% consomem cosméticos e 65% procuram produtos de beleza específicos.
Uma vez por ano, a Afrobusiness promove a Black Summit, evento pensado para networking e empoderamento por meio de palestras de profissionais de diversas áreas relevantes para os negócios.
Passear, trabalhar e dedicar – tudo ao mesmo tempo
Quem acha que só descansa quem tira férias para ficar de papo para o ar está muito enganado. E foi sobre isso que Mariana Serra, formada em Relações Internacionais, abordou no painel Ideias com Propósito.
Ela é fundadora da Volunteer Vacations e a sua especialidade é voluntourismo, um tipo de viagem de turismo que inclui o trabalho voluntário.
É um turismo consciente, procurado por pessoas de perfis variados, mas tem principalmente por aqueles que querem se mergulhar na cultura e realidade social do destino que escolheram para as sua férias – conhecem lugares fantásticos, muitas vezes peculiares e inusitados que geralmente estão fora dos roteiros tradicionais, e na mesma viagem trabalham em por uma causa que acreditam.
Esse é um mercado crescente que se mantém como nova tendência do turismo mundial. E como em todo empreendimento, é preciso motivar para atrair. No caso da Volunteer, o diferencial motivador é a capacitação dos voluntários para o trabalho que realizarão no destino e o auxílio 24h, a manutenção de um country manager para dar assistência necessária no local aos voluntários e o constante contato com os parceiros nos países destino para verificação in loco das atividades, ideais, pessoas, qualidade e segurança.
A apresentadora
O painel foi mediato pela atriz Mariana Hein, que, inclusive, fez a apresentação de toda a Convenção. Ela é conhecida do público por ter trabalhado na Rede Globo: Malhação (2002), Vídeo Show (2004 a 2006), e fez trabalhos em Kubanacan, Brava Gente, Um Anjo Caiu do Céu entre vários outros. Foi para a Record em 2008 e atuou nas novelas Chamas da Vida e Ribeirão do Tempo. Em 2014 voltou para a Rede Globo para gravar o Zorra Total.
Mediar esse painel não foi um acaso. Na história de Mariana tudo tem um propósito. Ela conta que ser atriz foi uma decisão que, apesar de contrariar todas as expectativas da família que duvidava de uma carreira promissora nessa profissão, deu certo. “Entrei na Globo e minha mãe ficou mais tranquila”, conta.
Depois, passou a fazer trabalhos fora da TV – no teatro e no cinema. De novo contrariou as expectativas e decidiu sair da emissora. Continua envolvida com atuação noutras áreas. Seu mais forte propósito é a felicidade e a está buscando no trabalho e na espiritualidade, tem lido muito sobre várias ciências esotéricas e meditado bastante.