“Da mesma forma que há exigências para uma modelo magra, também há para a gordinha”, diz a criadora do Fashion Weekend Plus Size
Com a ascensão da confecção tamanho GG, um novo campo de trabalho no mundo da moda foi aberto e as mulheres gordinhas veem a possibilidade de se tornar modelos plus size. De acordo com a Abravest (Associação Brasileira do Vestuário), o crescimento anual de roupas no segmento GG é de 6% – há hoje, no Brasil, cerca de 300 lojas físicas e 60 virtuais. No entanto, profissionais do mercado reclamam da má formação das candidatas.
Idealizadora do FWPS (Fashion Weekend Plus Size) e consultora de moda, Renata Poskus, observa que esse crescimento acirra a concorrência no segmento da moda. “As pessoas se enganam quando pensam que para ser uma modelo plus pize basta ser gordinha. Não é bem assim. Da mesma forma que há exigências para uma modelo magra, também há para a gordinha”, afirmou.
A consultora afirma que as exigências básicas são: ter um corpo proporcional, estilo ampulheta (com busto, “cinturinha” e quadril), usar manequim do 44 ao 50 (para desfiles, a altura mínima é de 1,65 m), ter cuidados com a pele, cabelo, e unhas e ser graciosa e simpática.
A modelo Bianca Raya confirma as informações da consultora. Para ela, trabalhar no segmento como modelo “não é um mar de rosas como todo mundo pensa”. Ela explica que, além de cumprir as exigências básicas, são necessários esforços adicionais.
“O que tem acontecido nesse momento é que toda gordinha quer ser modelo. Elas acreditam que por serem bonitas e terem 1,65 de altura já podem ser modelos. Mas, na verdade, envolve muita espera para prova roupas, espera para ser produzida, para arrumar cabelo, fazer maquiagem. Tem que ter pontualidade e profissionalismo”, conta.
“Você tem que fazer academia para manter o corpo durinho. Não é porque você é gordinha que pode se permitir ficar flácida”, diz a modelo, ao lembrar que a profissão também exige preparo emocional. “Tem que saber lidar com o não. Não é porque você não foi aprovada (para um trabalho) que você é feia. Na verdade, às vezes, você só não tem o perfil daquele cliente.”
Outra questão que deve ser considerada pelas mulheres que almejam tornarem-se modelos é o cachê, considerado baixo por muitas profissionais do segmento. Os valores praticados no mercado variam de R$ 80 a R$ 500. Esse cachê só amenta se a modelo for famosa. Confiraaqui a matéria completa.
Em razão dos baixos valores praticados, é comum as modelos terem que exercer uma atividade paralela ou complementar. Marcia Saad é um exemplo dessa situação. Ela é modelo e professora e encontra problemas para conciliar as duas profissões. “Muitas vezes eu tenho que dar aula e ao mesmo tempo fazer algum trabalho. Então, acabo deixando de lado um dos dois.”
“Por mais que o mercado esteja crescendo, ele ainda é incerto. Não é certeza que você terá trabalho todos os meses. No ano passado e nesse ano o dinheiro dos trabalhos deu, mas não é certeza que no ano que vem vai continuar igual. É preciso pensar com calma antes de tomar uma atitude”, conclui Marcia.
Apesar das dificuldades, Bianca é otimista. “Há espaço para todas, tanto para as iniciantes como para as mais experientes”.
Falta de profissionais qualificadas
Apesar da concorrência que existe entre as modelos plus size, lojas e confecções reclamam da falta de profissionais qualificadas para representar as marcas nos catálogos e desfiles. “O fato é que são poucas as opções de profissionais que realmente sabem o que querem e que contribuam com a marca, no sentido de saber posar para as câmeras, saber fazer caras e bocas diferentes, um olhar especial, uma movimentação do corpo”, disse Luis Yoon, diretor da Kara Fashion.
Yoon ressalta que o trabalho de uma modelo plus size não difere de uma modelo mais magrinha, e sustenta que a cobrança pelo profissionalismo é a mesma. “É preciso ter vocação, talento, inspiração e não só uma carinha bonita. Hoje, são pouquíssimas as modelos que sabem fazer e transparecer tudo isso.”
Mariana Gandolfo, dona da marca La Mafê, tem as mesmas dificuldades para encontrar profissionais qualificadas. “Diariamente, recebo mais de 100 fotos de gordinhas querendo ser modelo da minha marca e eu não consigo aproveitar nenhuma”.
Mariana ressalta que não pode desistir de encontrar as profissionais preparadas, pois “as mulheres GG são essenciais para uma marca porque são as que mostram o produto.”
Por onde começar
Apesar da concorrência nesse mercado, como alerta Renata, ainda há espaço para novos talentos. Para as mulheres que estão interessadas em seguir a carreira de modelo, a dica da consultora é montar um book e fazer contato direto com as lojas de roupas para apresentar o portfólio. “Também é importante participar dos castings (evento realizado para seleção de modelos) das lojas e eventos.”
“Para participar das seleções, é necessário que as interessadas sigam as lojas nas redes sociais e os blogs de moda e que fiquem atentas às publicações”, afirmou Renata.
Os valores cobrados pelos fotógrafos para fazer um book variam de R$ 350 a R$ 500. Hoje, existem três opções para fazer um book: os fotógrafos especializados em mulheres gordinhas, o Dia de Modelo (evento que tem valor fixo e qualquer mulher interessada pode participar) e as agências de modelos, que cobram pelo book e ainda ficam com cerca de 35% do cachê das modelos agenciadas.
Em geral, nos serviços dos fotógrafos estão inclusas 30 fotos tratadas digitalmente, preparação de maquiagem e cabelo e três opções de troca de roupas durante o ensaio.
Dicas
Duas mulheres do mundo da moda escreveram em seus blogs pessoais dicas sobre a carreira de modelo. Clique nos links e confira.
- “Saiba como se tornar uma modelo plus size”, por Carla Manso
- “10 dicas para você não querer ser uma modelo plus size”, por Renata Poskus
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Amanda Pinson
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