Os piores cachês GG são para fotos produzidas para revistas que chegam, no máximo, a R$ 80; magras recebem cerca de R$ 400
A mulher GG ganha cada vez mais espaço no mercado de trabalho e da moda, ainda assim o cachê recebido é baixo. As modelos magras chegam a ganhar até 80% a mais do que as plus size. Além disso, a reclamação não é só com o valor baixo, mas com a falta de profissionalismo e seriedade das agências e lojas contratantes.
Segundo dados da agência Splendor para as plus size, em editoriais de moda o cachê fica acima dos R$ 500. Enquanto modelos magras e iniciantes recebem R$ 500 para um desfile, por exemplo, uma GG ganha apenas R$ 120, no mínimo. Os piores índices são para os de fotos de revistas, que pedem R$ 80 ou o trabalho não é cobrado por alegarem ser foto de divulgação.
O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado de São Paulo apresenta valores e classificações muito diferentes para as modelos magras. As mulheres são divididas em três categorias, A, B e C.
A categoria A são as modelos já conhecidas no mercado que recebem diferentes valores para trabalhos editoriais e desfiles. Não há uma faixa de preço fixa, pois o capital depende da influência social, do reconhecimento na mídia e o trabalho a ser realizado. Entretanto, normalmente, os valores são de, no mínimo, R$ 5 mil.
Já a categoria B são as que já têm bastante experiência no mercado e reconhecidas pelas principais marcas. O valor negociado também pode variar bastante, mas a faixa é de R$ 1 mil. A categoria C são as iniciantes, famosas New Faces, que ganham, em média, de R$ 500 a R$ 600 por desfile.
Para Lígia Rodrigues, Booker da agência Splendor, o trabalho vai além de um emprego com remuneração como outro qualquer servindo muito mais como autoestima. “É ilusão a mulher gordinha achar que sendo modelo vai ganhar bem. Na verdade, a carreira é mais para o lado pessoal da vida”, comentou.
A redação do Plus Sizee tentou falar com mais quatro agências para modelos plus, mas as empresas não quiseram dar declarações.
A modelo Talita Kobal diz que o verdadeiro cenário das modelos plus size não é glamoroso. “Nós, profissionais, costumamos chamar de um mercado prostituto porque não há tanta seriedade na hora de fechar o contrato. Como é um mercado novo, os donos das marcas contratam qualquer GG e, como pagamento, somente roupas ou valor baixo. Essa situação nos desvaloriza. Temos que ser mais firmes na hora de fechar um negócio”, afirmou.
O problema da falta de profissionalismo e seriedade das empresas citado por Talita, também é visto pela modelo Fabiana Camilo. Ela diz que, além das empresas não pagarem como uma modelo magra, não levam em consideração os critérios que uma Top Model Plus deve ter.“Para ser modelo, tem que fazer curso extenso de, no mínimo, seis meses, para aprender como desfilar, fotografar e se comportar em frente das câmeras. Não é pra qualquer uma”, explicou Fabiana.
Mas não são só as modelos que reclamam deste novo e promissor mercado. Mariana Gandolfo, dona da marca La Mafê, é uma das empresárias que sente dificuldade para encontrar profissionais. “Eu sinto falta de mulheres comprometidas com o trabalho. Diariamente, recebo mais de 100 fotos de gordinhas querendo ser modelo da minha marca e eu não consigo aproveitar nenhuma”, disse.
Mariana também comentou que a exclusividade de uma modelo à marca é um dos principais problemas, pois a mesma que trabalha para ela também faz para outras lojas. “Se tivesse um leque de opções com modelos e que cobrassem o cachê eu pagaria. As mulheres GG são essenciais para uma marca porque são as que mostram, efetivamente, o produto”, disse.
Entretanto, o mercado da moda plus size está em constante crescimento e, por parte das modelos, as expectativas continuam sendo positivas. É o que explicou Fabiana. “Todo começo é difícil. As modelos magras, no início, devem ter passado pelas mesmas dificuldades que a gente passa hoje”.
Grandes marcas investem na moda plus size
Em julho deste ano, lojas de grande porte passaram a vender linhas exclusivas para quem veste a partir do tamanho 44, como a C&A. Essa conquista também representa mais profissionalismo para o futuro e mais uma prova do promissor mercado da moda GG.
“Hoje, temos diversas opções de lojas que fazem tamanhos grandes e roupas modernas. Mas eu quero mais. Quero estilistas conhecidos aqui e fora do Brasil, aumentando suas modelagens. Aí sim, acabaria o preconceito de vez”, diz Mayara Russi, modelo há 7 anos.
E mesmo para as mais novas na carreira, a esperança é para que o cenário mude. “Fico muito feliz quando vejo empresários, estilistas, produtores de moda competentes se voltando para o mercado plus size. Chegaremos ao topo, pode ter certeza”, afirmou Márcia Saad, modelo há um ano e meio.
*Com colaboração de Carla Nastari
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Amanda Pinson
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1 comment
La Mafê olha eu aqui kkkk
Brincadeiras a parte, tudo o que foi dito é verdade!
Mas a valorização tem que partir das modelos em não aceitar trabalhos por permuta ou com valores tão baixos, temos que nos valorizar!