20% da população e mais da metade dos brasileiros tem sobrepeso
A obesidade atinge 20% dos brasileiros adultos e mais da metade da população tem sobrepeso, aponta o relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) – Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe, divulgado recentemente.
Segundo o documento, que tem como base os dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), o sobrepeso em adultos passou de 51,1% em 2010, para 54,1% em 2014, e o índice de obesidade chegou aos 20%. Sendo a prevalência maior em mulheres (22,7%).
Obesa é a pessoa que tem IMC (Índice de Massa Corporal) superior a 30, e com sobrepeso a pessoa com IMC entre 25 e 30. Descobrimos o nosso IMC aplicando a fórmula: IMC = peso (em quilos) ÷ altura² (em metros)
As crianças também são atingidas. Estima-se que 7,3% das menores de cinco anos estão acima do peso, e as meninas são as mais afetadas, 7,7%.
Essa é uma realidade que deve colocar em alerta toda a sociedade e os governos municipais, estaduais e federal, pois a obesidade provoca várias outras doenças tratadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e custa para Brasil 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto), aponta estudo internacional do McKinsey Global Institute. Esse percentual equivale a R$ 151,2 bilhões do total da produção brasileira em 2016, que fechou em R$ 6,3 trilhões.
Especialistas de saúde advertem que para reversão desse quadro é necessário que as pessoas entendam que a obesidade é fator de risco para doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer – doenças que correspondem por 72% dos óbitos no país.
Efeitos da obesidade na mulher
A obesidade pode desencadear várias doenças em todas as pessoas. Na mulher, especificamente, pode estar relacionada ou ser a causa do câncer de endométrio e da infertilidade. Especialistas do Núcleo de Ginecologia Oncológica do A.C.Camargo Cancer Center explicam que o sobrepeso é responsável pela alteração dos hormônios estrogênio – relacionado às características femininas – e progesterona. O sobrepeso provoca a produção maior de estrogênio e inibe a ação da progesterona e, quando somente o estrogênio está muito elevado, há maior risco de crescimento anormal do endométrio e, consequentemente, de desenvolvimento do câncer.
A infertilidade tem explicação no tecido adiposo, que permite que a gordura seja estocada nos óvulos, afetando a sua qualidade, e interferindo negativamente para o sucesso da gravidez. Estudo recente publicado na revista “Obstetrics and Gynecology Clinics of North America” conclui que, nas mulheres obesas em tratamento para infertilidade, as chances de abortamento são maiores.
Obesidade e Plus Size
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social. Para a sociedade, entretanto, apenas o peso é parâmetro para dizer se uma pessoa é saudável ou não.
Isso tem provocado sérias discussões e polêmicas envolvendo a obesidade e mulheres e modelos plus size (que vestem manequim 46 ou maior). Os especialistas mais radicais em endocrinologia e metabolismo defendem que a aceitação da gordura extrema pode fazer subir as estatísticas de obesidade, que já não são baixas. Para esse grupo, estar obeso já é estar doente e precisando de tratamento, e ser modelo plus size é fazer apologia à obesidade.
Outros grupos mais arejados pensam diferente. Para eles, há uma demonização da gordura da comida e do corpo e nem sempre a perda da massa gorda é um bom sinal, uma vez que o corpo precisa de, no mínimo, 18% de gordura. Eles ponderam que há quadros de obesidade ou de sobrepeso que mostram uma pessoa saudável, enquanto há pessoas magras que não estão bem.
Esse grupo defende que há pessoas com IMC superior a 30 que não apresentam alterações metabólicas, mesmo estando acima do peso – mantêm pressão arterial, taxa glicêmica e níveis de colesterol normais.
Esses endocrinologistas sustentam, entretanto, que o excesso de peso é por si só um fator de risco para doenças e por isso é importante que as pessoas nessas condições consultem o médico com regularidade para verificar se as taxas metabólicas se mantêm equilibradas.
3 formas de tratar a obesidade?
Os três principais fatores de risco para a obesidade são a genética, o sedentarismo e alimentação inadequada, rica em açucares e gorduras. Existem três formas de tratamento, mas todas têm como base a dieta balanceada e prática de exercícios.
1. Mudança de estilo de vida e hábitos alimentares
Mudar o estilo de vida e os hábitos alimentares, fazendo uma verdadeira reeducação alimentar ainda é o meio mais eficaz A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), orienta que antes de tentar perder peso com uso de medicamentos e intervenção cirúrgica, o paciente deve tentar com a alteração nos hábitos alimentares e com a prática de exercícios físicos.
2. Uso de medicação
A perda de peso pode ser conseguida com uso de medicamentos, que devem ser prescritos por médicos e por eles deve ser acompanhado bem de perto, pois podem provocar outros problemas à saúde. O uso de medicação deve ser associado a mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida.
3. Tratamento Cirúrgico
As operações bariátricas e metabólicas têm sido cada vez mais indicadas para o tratamento da obesidade. As indicações atuais são para pessoas que apresentem comorbidades – doenças agravadas pela obesidade e que melhoram com o tratamento eficaz – que ameacem a vida. As cirurgias também devem ser associadas a mudanças de hábitos alimentares e exercícios físicos rotineiramente.
5 dicas de reeducação alimentar para evitar a obesidade e o sobrepeso
- Não existem alimentos proibidos, mas os que devem ser evitados: frituras, industrializados e aqueles com excesso de açúcar ou gordura.
- Beba muita água. Ela vai limpar seu organismo, acalmar a ansiedade e evitar a vontade constante de comer. A OMS orienta para o consumo de 2 litros de água por dia.
- Faça 5 refeições diariamente: café da manhã, almoço e jantar são as mais importantes e não devem ser negligenciadas.
- Faça lanches entre as refeições principais. Isso irá ajudar a consumir quantidade menor de comida e escolher os alimentos menos calóricos no almoço e jantar.
- Mastigue pelo menos 21 vezes cada fração ingerida. Isso acalma a ansiedade e aumenta a sensação de saciedade, com essa prática, você diminui as quantidades de alimento consumido em cada refeição
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